domingo, 28 de abril de 2013

Reflexões

Raros são os homens que dizem o que
pensam e escrevem o que sentem.
Jamais a palavra foi, como hoje, uma
clamorosa contrafação do pensamento. Mentem os
que louvam, porque louvam incondicionalmente; e
mentem os que atacam, porque atacam por profissão; mente quem manda, porque
manda por vaidade; e mente quem obedece, porque obedece por covardia.
O que ninguém tem em conta ao praticar um ato ou ao escrever um artigo, ou ao tomar uma atitude, é a idéia de ser justo.
E tudo acontece porque há dois grupos que disputam, no país pobre,
a posse do mesmo saco de pão.
Essa situação há de passar um dia, à medida que se forem
afeiçoando ao trabalho, quando os indivíduos se irão desinteressando
da política profissional.
No dia em que cada um puder dar um voto, sem o
pensamento em um cargo público almejado ou conquistado, nesse
dia, e só nesse dia, nós poderemos dizer que somos, na verdade,
uma democracia.
Enquanto não atingirmos essa condição de liberdade
mental, a imprensa e a literatura política, reflexos dos interesses dos
indivíduos e da educação social da época, não podemos registrar,
sem escândalo da sociedade e nem risco de direito, absoluta
segurança de liberdade e garantia do direito, o julgamento polido e
leal, procedido por pessoas de espírito elevado; faz-se mister que
estes não se imobilizem diante do futuro, e escrevam e guardem para
se lido amanhã, aquilo que não puderam dizer ou praticar.
Infelizmente, porém, a mentira pública é, não raro, uma
necessidade, um pecado pessoal em proveito da traquilidade coletiva.

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