segunda-feira, 22 de abril de 2013

O estudo da sabedoria jamais termina

Ao estudo da sabedoria jamais havereis de pôr termo; não acabe ele
antes de acabada a vossa vida. Em três coisas cumpre ao homem pensar e
exercitar-se enquanto viva: em saber bem, em bem falar e em bem obrar.
Desterra dos teus estudos a arrogância; não fiques presumido pelo que
sabes, porque tudo quando sabe o mais sábio homem do mundo nada é em
comparação com o muito que lhe falta saber. Mui escasso é, e muito
obscuro e incerto, tudo quanto os homens alcançam nesta vida; e os
nossos entendimentos, detidos e presos neste cárcere do corpo, estão
oprimidos por grandíssima escuridão, trevas e ignorância, e o corte ou
fio do engenho é tão cego que não pode cortar, nem passar-lhe de
raspão sequer, coisa alguma.
Afora isto, a arrogância faz com que não possas tirar proveito do
estudo; creio que terá havido muitos que não chegaram a sábios e que
poderiam tê-lo sido se não dessem a entender que já o eram.
Deveis guardar-vos, também, de porfias, de competências, de
menosprezar ou amesquinhar o que os outros sabem ou não sabem, de
desejar vanglórias. Para isto, principalmente, servem os estudos: para
nos ensinarem a fugir de tais vícios e de outros semelhantes.
Juan Luis Vives

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