quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

O orgulho é o caminho do erro

O orgulho é o caminho do erro; a humildade, o caminho da
verdade. Quem diz “sei”, ignora, quem julga que nada sabe,
começa a entrever clarões da ciência. Na vida moral (diz o
Evangelho) os humildes verão a Deus.


Devemo-nos encher tanto de bons propósitos que eles extravasem
na expressão dos olhos, como o bom sangue aflora ao rosto. E este
vestido veste o exterior. Embora haja espíritos feios em corpos lindos,
jamais há fealdade de expressão em almas belas.

Jesus não revolucionou o mundo pelo pensamento, mas pelo
sentimento. Não se pode ser cristão sem ter coração. A teoria do
cristianismo é o amor; sua prática, o amor.

Almas cristãs de trato severo, de expressão austera, de afeto seco,
de contato duro, de aproximação fria não fazem sentido, não condizem
com o sonho do coração de Jesus, que é todo doçura.

Há religiosos de profundo saber, de poderosa intelectualidade,
severos praticantes, mas almas geladas! – não têm uma migalha de
cristianismo nos seus corações vazios.

Chegar à divindade de Jesus pelo coração simples é o caminho
mais direto que chegar pela razão. A luz da fé desce dos céus aos
corações humanos, a da razão sobe das mentes para Deus.

Jesus também é beleza. A beleza cultiva-se com emoção. E como
toda beleza sofre em cada alma sua interpretação estética, Jesus recebe
em cada consciência sua interpretação bela.

Creiam, todos os caminhos honrados levam à salvação. Dentro de
qualquer denominação pode haver santos (separados para Deus).

No homem há dois seres: o divino e o humano. Com o primeiro,
põe os olhos em Deus, como o segundo, pisa a terra. O homem divino deve-se alimentar de divino: a Verdade, a Justiça, o Amor, a Beleza – e
edificar, assim, o homem humano, cuja humanidade lhe foi dada para
atravessar a vida com a tarefa de, por suas virtudes, se aproximar do
Criador, entregando-lhe, na hora da morte, a alma limpa como uma
patena.

Antero de Figueiredo
Escritor Português

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