sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Vocação para felicidade

"Não serei o poeta de um mundo caduco."

 Não escreverei versos chorosos, cantando      tristezas infinitas,
 amores impossíveis, saudades dolorosas,
 paixões trágicas e não correspondidas.

 Tenho a vocação para a felicidade.
 Ser feliz não me traz sentimento de culpa.
 Não preciso da tristeza para justificar  a  inutilidade da vida.
 Não preciso morrer e ir  ao céu para encontrar  a felicidade.
Quero-a e tenho-a neste espaço terreno do  aqui e  do  agora.


A felicidade, tal e qual o  amor,  está dentro de mim
E transborda em ternuras, em melodias,
em carinhos, em alegrias, em cantos e encantos.

Sou feliz e não preciso me justificar.
Sorrio sem ver passarinho verde.
Não tenho medo de ser feliz.

Faço minha estrela brilhar.
Sem receio dos encontros, desencontros,
encantos e desencantos que o amor me diz.

Contrariedades? Eu  as tenho.
E quem não as tem na vida secular ?
Escassez de dinheiro? Nem é bom falar
Amores não correspondidos? Separações?
Rejeições? Saudades incuráveis?
Carinhos reprimidos, ternuras guardadas,
sem  a contra parte do outro?
Eu tenho aos montões.
Sou a rainha das perdas, necessárias ao meu crescimento.

Contudo quem não soube a sombra não sabe a luz.
E num livro de matemática existencial
juntei todos esses problemas insolúveis,
com as respostas nas últimas páginas.
Mas pra que me debruçar
sobre eles, procurando a solução
se a própria vida me conduz
a resposta final?

Sem medo de ser feliz vou por aqui e por ali
por onde os caminhos, as trilhas,
Os atalhos me levarem, traçando meu rumo.
Às vezes com alguma tristeza,
mas quem disse que felicidade
é o contrário de tristeza?
Tristeza é só uma momentânea falta de alegria!

É, amigo, amanhã é sempre um novo dia
E quando a infelicidade passar por aqui,
minhas malas estarão prontas
para eu ir por ali.

(C. Drummond de Andrade. )

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