segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Uma aula de Direito

Uma manhã, quando nosso novo professor de "Introdução ao Direito" entrou na sala, a primeira coisa que fez foi perguntar o nome a um aluno que estava sentado na primeira fila:
 - Como te chamas?
 - Chamo-me Juan, senhor.
 - Saia de minha aula e não quero que voltes nunca mais! - gritou o desagradável professor.
 Juan estava desconcertado. Quando voltou a si, levantou-se rapidamente, r
ecolheu suas coisas e saiu da sala. Todos estávamos assustados e indignados porém ninguem falou nada..
 - Agora sim! - e perguntou o professor - para que servem as leis?...
 Seguíamos assustados porém pouco a pouco começamos a responder à sua pergunta:
 - Para que haja uma ordem em nossa sociedade.
 - Não! - respondia o professor.
 - Para cumpri-las.
 - Não!
 - Para que as pessoas erradas paguem por seus atos.
 - Não!!
 - Será que ninguém sabe responder a esta pergunta?!
 - Para que haja justiça - falou tímidamente uma garota.
 - Até que enfim! É isso.... para que haja justiça. E agora, para que serve a justiça?
 Todos começávamos a ficar incomodados pela atitude tão grosseira. Porém, seguíamos respondendo:
 - Para salvaguardar os direitos humanos...
 - Bem, que mais? - perguntava o professor.
 - Para diferençar o certo do errado... Para premiar a quem faz o bem...
 - Ok, não está mal porém... respondam a esta pergunta: agi corretamente ao expulsar Juan da sala de aula?...
 Todos ficamos calados, ninguem respondia.
 - Quero uma resposta decidida e unânime!
 - Não!! - respondemos todos a uma só voz.
 - Poderia dizer-se que cometi uma injustiça?
 - Sim!!!
 - E por que ninguem fez nada a respeito? Para que queremos leis e regras se não dispomos da vontade necessária para pratica-las?
 - Cada um de vocês tem a obrigação de reclamar quando presenciar uma injustiça. Todos. Não voltem a ficar calados, nunca mais!
 - Vá buscar o Juan - disse, olhando-me fixamente.
 Naquele dia recebi a lição mais prática no meu curso de Direito.
 Quando não defendemos nossos direitos perdemos a dignidade e a dignidade não se negocia.

"Sem citação de autoria"

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