quarta-feira, 11 de julho de 2012

O amor e o taxista


Outro dia, estava em Nova York, e tomei um táxi com um amigo. Quando descemos, meu amigo disse ao motorista:

- Obrigado pela condução. Você dirigiu muito bem.

O motorista de táxi ficou atordoado por um segundo. Então disse:

- Você é algum engraçadinho?

- Não, meu caro, e não estou caçoando de você. Admiro a forma como você se mantém calmo no trânsito pesado.

- É – disse o motorista, e partiu.

- O que significou tudo isso? – perguntei.

- Estou tentando trazer o amor de volta a Nova York – disse ele – Acho que é a única coisa que pode salvar a cidade.

- Como um homem só pode salvar a cidade?

- Não sou um homem só. Acho que ganhei o dia para aquele motorista de táxi. Suponha que ele tenha vinte passageiros. Ele será gentil com esses vinte passageiros porque alguém foi gentil com ele. Por sua vez, esses passageiros serão gentis com seus empregados ou gerentes ou garçons ou até com suas próprias famílias. Finalmente, o bom humor poderia se espalhar para até mil pessoas. Agora não está nada mal, não é?

- Mas você depende de que aquele motorista de táxi passe o seu bom humor aos outros.

- Não dependo – disse meu amigo. – Estou consciente de que o sistema não é infalível, e assim farei o mesmo com dez pessoas diferentes hoje. Se entre estas dez eu puder fazer três felizes, ao final posso influenciar indiretamente as atitudes de mais 3.000.

- Esta teoria soa bem – admiti -, mas não tenho certeza de que funciona na prática.

- Não perderei coisa alguma se não funcionar. Não gastei meu tempo dizendo àquele homem que ele dirigiu bem. Ele não recebeu uma gorjeta maior nem menor. Se entrar por um ouvido e sair pelo outro, e daí? Amanhã haverá um outro motorista de táxi que eu possa tentar fazer feliz.

- Você é maluco - eu disse.

- Isso demonstra o quanto você se tornou cético. Fiz um estudo sobre esse assunto. Aparentemente, o que está faltando aos nossos funcionários dos correios, além do dinheiro, claro, é que ninguém diz a eles que estão fazendo um ótimo trabalho.

- Mas eles não estão.

- Não estão, porque acham que ninguém se importa com isso. Por que alguém não deveria dizer uma palavra bondosa a eles?

Passávamos por uma obra em construção e cinco operários estavam almoçando. Meu amigo parou.

- É um magnífico trabalho, o de vocês. Deve ser difícil e perigoso.

Os operários olharam meu amigo desconfiados.

- Quando estará terminado?

- Junho – grunhiu um homem.

- Ah. Realmente impressionante. Vocês todos devem estar muito orgulhosos.

Fomos embora. Eu disse a ele:

- Não vejo ninguém como você desde Dom Quixote de La Mancha.

- Quando aqueles homens digerirem minhas palavras se sentirão melhor. De alguma forma a cidade se beneficiará de sua felicidade.

- Mas você não pode fazer tudo isso sozinho! – protestei. – Você é apenas um homem.

- O mais importante é não desanimar. Fazer com que as pessoas da cidade se tornem boas novamente não é um trabalho fácil, mas se eu puder incluir outras pessoas em minha campanha...

- Você acaba de deixar passar uma mulher muito simpática – eu disse.

- Sim, eu sei – replicou ele. – E se ela for professora, sua aula de hoje será fantástica.

Art Buchwald

Canja de Galinha para a Alma
Jack Canfield & Mark Victor Hansen
Ediouro

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