Abriu a porta e viu o amigo que há tanto não via. Estranhou que ele viesse acompanhado por um cão. Cão forte, saltitante e com um ar agressivo. Abriu a porta e cumprimentou o amigo, efusivamente.
- "Quanto tempo!"
- "Quanto Tempo" ecoou o outro.
O cão aproveitou a saudação e entrou casa adentro, logo um barulho na cozinha demonstrava que ele tinha virado qualquer coisa. O dono da casa encompridou as orelhas. O amigo visitante, porém nada.
- "A última vez que nos vimos foi em ..."
O cão passou pela sala, entrou no quarto e novo barulho, desta vez de coisa quebrada. Houve um sorriso amarelo do dono da casa, mas perfeita indiferença do visitante.
- "Quem morreu foi o ... você se lembra dele?"
O cão saltou sobre um móvel, derrubou um abajur, logo trepou as patas sujas no sofá e deixou a marca digital e indelével de seu crime. Os dois amigos, tensos, agora fingiram não perceber.
Por fim, o visitante se despediu e já ia saindo quando o dono da casa perguntou:
- "Não vai levar seu cão?"
- "Cão? Ah, cão! Oh, agora estou entendendo. Não é meu não. Quando eu entrei ele entrou comigo tão naturalmente que pensei que fosse seu".
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