Lucas foi o único evangelista a registrar a presença de Jesus, aos doze anos, assentado no meio dos mestres, no templo de Jerusalém, ouvindo-os e interrogando-os, conforme relata no capítulo 2 do seu evangelho. Quase dezenove séculos depois, em Paris, o pintor francês Jean-Auguste-Dominique Ingres (1780-1867) iria imortalizar na tela a famosa passagem evangélica.
Era o ano de 1862. Mal sabia ele que, no recesso de seu ateliê, enquanto pincelava em silêncio a tela que ficaria mundialmente conhecida como “Jesus entre os Doutores”, estava sendo observado por um espírito que também fora pintor quando encarnado, chamado Davi, provavelmente o mestre do classicismo que lhe ensinara, em 1797 — quando Ingres contava apenas 17 anos —, os rudimentos de sua bela arte(1).
Esse acontecimento ensejaria a publicação de uma bela página na Revista Espírita de junho de 1862(2).
Allan Kardec informa, nessa página, que a Srª. Dozon, sua colega da Sociedade Espírita de Paris, recebeu uma comunicação espontânea em casa, em nove de abril do citado ano, de uma entidade que assinou o nome “Davi, pintor”.
Reportando-se ao tema evangélico “O menino Jesus encontrado por seus pais pregando no Templo, entre doutores”, disse o espírito que este foi o motivo de uma tela inspirada a um dos maiores pintores daquele tempo. Nesse quadro, onde brilhava “[...] a luz que Deus dá às almas para as esclarecer e as conduzir às regiões celestes [...]”, o artista executara, inconscientemente, uma ordem da suprema vontade. E da multidão que o contemplasse depois de pronto, parando emocionada diante dessa figura do Jesus menino, mais de um coração seria conduzido ao pé da cruz.
O comunicante antecipa que tudo merece ser admirado na obra-prima de Ingres:
Vós o apreciareis um dia; eu vi as primeiras pinceladas sobre essa tela bendita. Vi surgirem, uma a uma as figuras, as poses dos doutores; vi o anjo protetor de Ingres, inspirando-o, fazer cair os pergaminhos das mãos de um desses doutores. Meu Deus, aí se encontra toda uma revelação! Essa voz de criança destruirá também, uma a uma, as leis que não são suas. (Op.Cit.)
Kardec Opina
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