sexta-feira, 31 de agosto de 2012

O juiz dos abraços

Lee Shapiro é um juiz aposentado. É também uma das pessoas mais genuinamente amorosas que conhecemos. A certa altura de sua carreira, Lee percebeu que o amor é o maior poder que existe. Consequentemente, Lee se transformou no homem dos "abraços". Começou a oferecer a todo mundo um abraço. Seus colegas o apelidaram de "o juiz dos abraços" (em oposição a "juiz dos enforcamentos", supomos). O adesivo do seu carro diz: "Não me bata! Abrace-me!"

Há cerce de seis anos, Lee criou o que ele chama de "kit-abraço". Do lado de fora lê-se: "Um coração por um abraço". Dentro, há trinta coraçõezinhos vermelhos bordados com alfinetes atrás. Lee sai com seu kit-abraço, encontra as pessoas e oferece-lhes um coraçãozinho em troca de um abraço.

Lee tornou-se tão conhecido por isso que freqüentemente é convidado para apresentar conferências e convenções, onde compartilha sua mensagem de amor incondicional. Numa conferência em São Francisco, a imprensa local o desafiou dizendo: "É fácil sair distribuindo abraços, aqui na conferência, a pessoas que resolveram vir por vontade própria. Isso nunca funcionaria no mundo real".

Eles desafiaram Lee a distribuir alguns abraços pelas ruas de São Francisco. Seguido por uma equipe de televisão do noticiário local, Lee saiu às ruas. Primeiro, se aproximou de uma mulher que passava.

- Oi, sou Lee Shapiro, o juiz dos abraços. Estou doando estes corações em troca de um abraço.

- Claro – respondeu ela.

- Fácil demais – provocou o comentarista local.

Lee olhou à sua volta. Viu uma guarda de trânsito que estava enfrentando problemas com o dono de uma BMW a quem estava entregando uma multa. Aproximou-se dela, a equipe de televisão junto com ele, e disse:

- Parece-me que um abraço poderia lhe ser útil. Sou o juiz dos abraços e estou lhe oferecendo um.

Ela aceitou.

O comentarista de televisão lançou um último desafio.

- Veja, aí vem um ônibus. Os motoristas de ônibus de São Francisco são as pessoas mais rudes, rabugentas e intratáveis de toda a cidade. Vamos ver se você consegue um abraço dele.

Lee aceitou o desafio.

Quando o ônibus parou, Lee disse:

- Oi, sou Lee Shapiro, o juiz dos abraços. Seu trabalho deve ser um dos mais estressantes do mundo. Hoje, estou oferecendo abraços às pessoas para aliviar um pouco sua carga. Gostaria de um?

O homenzarrão de dois metros e mais de cem quilos levantou do banco, desceu do ônibus e disse:

- Por que não?

Lee o abraçou, deu-lhe um coração e acenou quando o ônibus partiu. A equipe de TV estava sem fala. Finalmente, o comentarista disse:

- Tenho que admitir, estou muito impressionado.

Um dia, Nancy Johnston, amiga de Lee, bateu em sua porta. Nancy é palhaço profissional e estava usando sua fantasia, maquiagem e tudo o mais.

- Lee, pegue um punhado de seus kit-abraço e vamos a um lar de deficientes.

Quando chegaram ao lar, começaram a distribuir chapéus com balões, corações e abraços aos pacientes. Lee sentia-se desconfortável. Nunca havia abraçado pacientes terminais, pessoas gravemente retardadas ou quadraplégicas. Foi definitivamente um esforço. Mas, depois de um certo tempo, ficou mais fácil, e Nancy e Lee conquistaram uma comitiva de médicos, enfermeiros e serventes que os seguiram de ala em ala.

Depois de algumas horas, eles entraram na última ala. Eram os 34 piores casos que Lee jamais vira em sua vida. O sentimento era tão cruel que partiu seu coração. Mas, cumprindo seu compromisso de compartilhar seu amor com os outros, Nancy e Lee começaram a passear pela sala, seguidos pela comitiva de médicos que, a essa altura, já traziam corações nos colarinhos e chapéus feitos de balões na cabeça.

Finalmente, Lee chegou à ultima pessoa, Leonard. Leonard usava um enorme babador branco sobre o qual babava. Lee olhou para Leonard, que babava, e disse:

- Vamos embora, Nancy, não há como encarar esse aqui.

Nancy replicou:

- Vamos lá, Lee. Ele também é um ser humano, não é?

Então, ela colocou-lhe um engraçado chapéu de balões na cabeça. Lee pegou um de seus coraçõezinhos vermelhos e prendeu-o no babador de Leonard. Respirou fundo, inclinou-se e o abraçou.

De repente, Leonard começou a gritar:

- Eeeeeh! Eeeeeh!

Alguns dos outros pacientes na sala começaram a bater coisas. Lee voltou-se para a equipe esperando alguma explicação e apenas viu que todos os médicos, enfermeiros e serventes estavam chorando. Lee perguntou à enfermeira chefe:

- O que é que há?

Ele nunca poderá esquecer o que ela disse:

- Esta é a primeira vez em 23 anos que vemos Leonard sorrir.

Como é simples ser importante na vida dos outros.

Jack Canfield e Mark V. Hansen
Canja de Galinha para a Alma - Ediouro

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

O Verdadeiro Amor

Moses Mendelssohn, avô do famoso compositor alemão, estava longe de ser um homem bonito. Além da pequena estatura, possuía uma grotesca corcunda.

Certo dia, visitou um comerciante em Hamburgo, que tinha uma adorável filha chamada Frumtje. Moses se apaixonou perdidamente por ela. Mas Frumtje sentiu repulsa por sua aparência disforme.

Quando chegou a hora de sua partida, Moses reuniu coragem e subiu os degraus até o quarto dela, a fim de ter uma última oportunidade de lhe falar. Ela era de uma beleza celestial, mas sua recusa em olhar para ele lhe causou profunda tristeza. Depois de tentar várias vezes conversar com ela, Moses perguntou timidamente:

Você acredita que os casamentos são feitos no céu?

Sim - respondeu ela, ainda olhando para o chão. - E você?

Sim, acredito - replicou ele. - Sabe, no céu, quando nasce um menino, Deus anuncia a menina que ele irá desposar. Quando nasci, minha futura noiva me foi apontada. Então, Deus acrescentou: "Mas sua esposa será corcunda". Aí, eu gritei: "Oh, Deus; uma mulher corcunda seria uma tragédia! Por favor, Senhor, dê-me a corcunda e deixe-a ser bela."

Então, Frumtje olhou bem dentro dos seus olhos e se comoveu com alguma profunda lembrança. Ela estendeu sua mão a Mendelssohn e, mais tarde, se tornou sua devotada esposa.

Barry e Joyce Vissel
Do livro: Canja de Galinha para a Alma - Jack Canfield e Mark Hansen
Editora Ediouro

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

História da rã que não sabia que estava sendo cozida.

Da alegoria da Caverna  de Platão a Matrix, passando pelas fábulas  de La Fontaine, a linguagem simbólica  é um meio privilegiado para induzir à  reflexão e transmitir algumas idéias.
Olivier Clerc, nesta sua  breve história, através da  metáfora,  põe em evidência as funestas conseqüências da não  consciência da mudança que infeta nossa  saúde, nossas relações, a evolução social  e o ambiente.
Um resumo de vida  e sabedoria que cada um poderá plantar  no próprio jardim, para desfrutar de  seus frutos.
Olivier  Clerc, nascido em 1961  na cidade de Genebra,  na Suíça, é escritor,  editor, tradutor e conselheiro  editorial especializado nas  áreas de saúde, desenvolvimento  pessoal, espiritualidade  e relações humanas.  É também autor de  Médecine, religion et  peur (1999) e Tigre  et l’Araignée: les  deux visages de la  violence (2004).
Imagine uma  panela cheia de água fria, na qual  nada, tranquilamente, uma pequena  rã.
Um pequeno fogo  é aceso embaixo da panela, e a água  se esquenta muito lentamente.
(Fiquem  vendo: se a água  se esquenta muito lentamente,  a râ não se apercebe  de nada!)
Pouco a pouco,  a água fica morna e a rã,  achando isso bastante agradável, continua  a nadar,
A temperatura  da água continua subindo...
Agora, a água  está quente mais do que a rã pode  apreciar; ela se sente  um pouco cansada, mas, não obstante isso, não se amedronta.
Agora, a água  está realmente quente, e a rã  começa a achar desagradável, mas está muito  debilitada; então, suporta  e não faz nada.
A temperatura  continua a subir, até quando  a rã acaba simplesmente cozida e morta.
Se a mesma  rã tivesse sido lançada diretamente na  água a 50 graus, com um golpe  de pernas ela teria pulado imediatamente  para fora da panela.
Isto mostra  que, quando uma mudança  acontece de um modo suficientemente lento,
escapa à consciência  e não desperta, na maior parte  dos casos,reação alguma oposição alguma,  ou, alguma revolta.
Se nós olharmos  para o que tem acontecido em nossa  sociedade desde há algumas décadas, podemos  ver que nós estamos sofrendo uma lenta  mudança no modo de viver, para a qual nós estamos nos acostumando.
Uma quantidade  de coisas que nos teriam feito horrorizar  20, 30 ou 40 anos atrás,
foram pouco  a pouco banalizadas e, hoje, apenas incomodam  ou deixam completamente indiferente a maior  parte das pessoas.
Em nome do  progresso, da ciência e do lucro,  são efetuados  ataques contínuos às liberdades individuais,
à dignidade, à integridade da natureza, à beleza e à alegria de viver; efetuados lentamente,  mas inexoravelmente, com a constante  cumplicidade das vítimas, desavisadas e,  agora, incapazes de se defenderem.
As previsões  para nosso futuro, em vez de  despertar reações e medidas preventivas,  não fazem outra coisa a não ser  a de preparar psicologicamente as pessoas  a aceitarem algumas condições de vida  decadentes, aliás, dramáticas.
O martelar contínuo  de informações, pela mídia,  satura os cérebros, que não podem  mais distinguir as coisas...
Quando eu falei  pela primeira vez, destas coisas, era para um amanhã.
Agora, é para  hoje!!!
Consciência, ou  cozido, precisa escolher!
Então, se você não está, como a rã, já meio cozido, dê um saudável golpe de pernas, antes que seja tarde demais.

NÓS JÁ ESTAMOS MEIO COZIDOS?
OU NÃO?

Olivier Clerc

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Jogue fora suas batatas

O professor pediu para que os alunos levassem batatas e uma bolsa de plástico para a aula. Ele pediu para que separassem uma batata para cada pessoa de quem sentiam mágoas, escrevessem os seus nomes nas batatas e as colocassem dentro da bolsa. Algumas das bolsas ficaram muito pesadas. A tarefa consistia em, durante uma semana, levar a todos os lados a bolsa com batatas. Naturalmente a condição das batatas foi se deteriorando com o tempo. O incômodo de carregar a bolsa, a cada momento, mostrava-lhes o tamanho do peso espiritual diário que a mágoa ocasiona, bem como o fato de que, ao colocar a atenção na bolsa, para não esquecê-la em nenhum lugar, os alunos deixavam de prestar atenção em outras coisas que eram importantes para eles.

Esta é uma grande metáfora do preço que se paga, todos os dias, para manter a dor, a bronca e a negatividade. Quando damos importância aos problemas não resolvidos ou às promessas não cumpridas, nossos pensamentos enchem-se de mágoa, aumentando o stress e roubando nossa alegria. Perdoar e deixar estes sentimentos irem embora é a única forma de trazer de volta a paz e a calma.

"Jogue fora suas "batatas".

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

O Diamante


O Hindu chegou aos arredores de certa aldeia e aí sentou-se para dormir debaixo de uma árvore. Chega correndo, então, um habitante daquela aldeia e diz, quase sem fôlego:

- Aquela pedra! Eu quero aquela pedra.

- Mas que pedra? Pergunta-lhe o Hindu.

- Ontem à noite, eu vi meu Senhor Shiva e, num sonho, ele disse que eu viesse aos arredores da cidade, ao pôr-do-sol; aí devia estar o Hindu que me daria uma pedra muito grande e preciosa que me faria rico para sempre.

Então, o Hindu mexeu na sua trouxa e tirou a pedra e foi dizendo:

- Provavelmente é desta que ele lhe falou; encontrei-a num trilho da floresta, alguns dias atrás; podes levá-la! E assim falando, ofereceu-lhe a pedra.

O homem olhou maravilhado para a pedra. Era um diamante e, talvez, o maior jamais visto no mundo.

Pegou, pois, o diamante e foi-se embora. Mas, quando veio a noite, ele virava de um lado para o outro em sua cama sem conseguir dormir. Então, rompendo o dia, foi ver novamente o Hindu e o despertou dizendo:

- Eu quero que me dê essa riqueza que lhe tornou possível desfazer-se de um diamante tão grande assim tão facilmente!

domingo, 26 de agosto de 2012

O Tolo que era Sábio

Todos os dias o José ia pedir esmola na feira, e as pessoas adoravam vê-lo fazendo o papel de tolo, com o seguinte truque:

Mostravam duas moedas, uma valendo dez vezes mais que a outra. José sempre escolhia a menor. A história correu pela região.

Dia após dia, grupos de homens e mulheres mostravam as duas moedas, e José sempre ficava com a menor. Até que apareceu um senhor generoso, cansado de ver José sendo ridicularizado daquela maneira. Chamando-o a um canto da praça, disse:

- Sempre que lhe oferecerem duas moedas, escolha a maior. Assim terá mais dinheiro e não será considerado idiota pelos outros.

José lhe respondeu:

- O senhor parece ter razão, mas se eu escolher a moeda maior, as pessoas vão deixar de me oferecer dinheiro, para provar que sou mais idiota que elas. O senhor não sabe quanto dinheiro já ganhei, usando este truque.

E cheio de sabedoria acrescentou:

- Não há nada de errado em se passar por tolo, se na verdade o que você está fazendo é inteligente. Às vezes, é de muita sabedoria se passar por tolo e é muito melhor passar por tolo e ser inteligente do que ter inteligência e usar fazendo tolices.

"Os sábios não dizem o que sabem, os tolos não sabem o que dizem!"

Desconheço o autor

sábado, 25 de agosto de 2012

Para Meu Neto

Ouvi num domingo, na igreja, a história de uma família de refugiados do Leste europeu, forçada a sair de casa por tropas invasoras. Perceberam que a única chance de escapar dos horrores da guerra era atravessar as montanhas que circundavam a cidade. Tinham certeza de que estariam a salvo num país vizinho e neutro, caso conseguissem fazer a travessia. mas o avô não estava bem e a viagem seria dura./- Me deixem para trás – pediu ele.

- Os soldados não vão se importar com um homem velho como eu.

- Vão sim – disse o filho. – Para o senhor será a morte.

- Não podemos deixar o senhor aqui, papai – reforçou a filha. – Se o senhor não for, então nós também não vamos.

O idoso finalmente cedeu e a família, composta de umas dez pessoas de diversas idades, inclusive uma netinha de um ano, partiu em direção à cadeia de montanhas que se via à distancia. Caminharam em silêncio, revezando-se para carregar o bebê, o que tornou mais difícil a subida do desfiladeiro.

Depois de várias horas, o avô se sentou numa rocha e deixou pender a cabeça.

- Continuem sozinhos. Não vou conseguir – disse.

- Vai, sim – encorajou o filho. – Tem de conseguir.

- Não – disse o avô. – Me deixem aqui.

- Vamos – disse o filho. – Precisamos do senhor, é sua vez de carregar o bebê.

O homem levantou o rosto e viu as fisionomias cansadas dos demais. Olhou para o bebê envolto num cobertor, agora no colo de seu neto de treze anos, um menino magrinho.

- Claro – disse o avô. – É a minha vez. Vamos passem o bebê para mim. – Ele se levantou e ajeitou o bebê no colo, olhando seu rostinho inocente. De repente, sentiu uma força renovada e um enorme desejo de ver sua família a salvo numa terra em que a guerra seria uma memória distante.

- Vamos – disse ele, com determinação. – Já estou bem. Só precisava descansar um pouco. Vamos andando.

O grupo prosseguiu, com o avô carregando o bebê. E, naquela noite, a família conseguiu cruzar a fronteira a salvo. Todos os que iniciaram o longo percurso pelas montanhas conseguiram terminá-lo, inclusive o avô.

Floyd Wickman e Terri Sjodin

Histórias para Aquecer o Coração dos Pais
Jack Canfield & Mark V. Hansen & Jeff Aubery & Mark & Chrissy Donnelly - Editora Sextante

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

As rãs

Um fazendeiro veio até a cidade e perguntou ao proprietário de um restaurante se ele queria ganhar um milhão de rãs.

O proprietário do restaurante ficou assustado e perguntou ao homem onde ele poderia conseguir tantas rãs!

O fazendeiro respondeu,

- Há uma lagoa perto de minha casa que está cheia de rãs - milhões delas. Todas coaxando por toda a noite e estão a ponto de me deixar louco!

Então o proprietário do restaurante e o fazendeiro fizeram um acordo: o fazendeiro entregaria as rãs no restaurante, quinhentas de cada vez pelas semanas seguintes.

Na primeira semana, o fazendeiro retornou ao restaurante parecendo particularmente encabulado, com duas pequenas e mirradas rãs. O proprietário do restaurante perguntou,

- Onde estão todas as rãs?

O fazendeiro respondeu,

- Eu me enganei. Haviam somente estas duas rãs na lagoa. Mas certamente elas faziam muito barulho!

Da próxima vez que você ouvir alguém criticando ou gozando alguém,
lembre-se que provavelmente é apenas um par de ruidosas rãs.

Lembre-se também que os problemas parecem sempre muito maiores no escuro.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

É preciso saber dizer...

Demonstrar o amor é uma forma de deixar a vida transbordar dentro do próprio coração.
A maioria das pessoas estabelece datas especiais para manifestar o seu amor pelo outro: é o dia do aniversário, o natal, o aniversário de casamento, o dia dos namorados.
Para elas, expressar amor é como usar talheres de prata: é bonito, sofisticado, mas somente em ocasiões muito especiais.
E alguns não dizem nunca o que sentem ao outro.
Acreditam que o outro sabe que é amado e pronto.
Não é preciso dizer.

Conta um médico que uma cliente sua, esposa de um homem avesso a externar os seus sentimentos, foi acometida de uma supuração de apêndice e foi levada às pressas para o hospital.
Operada de emergência, necessitou receber várias transfusões de sangue sem nenhum resultado satisfatório para o restabelecimento de sua saúde.
O médico, um tanto preocupado, a fim de sugestioná-la, lhe disse: pensei que a senhora quisesse ficar curada o mais rápido possível para voltar para o seu lar e o seu marido.
Ela respondeu, sem nenhum entusiasmo:
- O meu marido não precisa de mim. Aliás, ele não necessita de ninguém. Sempre diz isto.
Naquela noite, o médico falou para o esposo que a sua mulher não queria ficar curada.
Que ela estava sofrendo de profunda carência afetiva que estava comprometendo a sua cura.
A resposta do marido foi curta, mas precisa:
- Ela tem de ficar boa.
Finalmente, como último recurso para a obtenção do restabelecimento da paciente, o médico optou por realizar uma transfusão de sangue direta.
O doador foi o próprio marido, pois ele possuía o tipo de sangue adequado para ela.
Deitado ao lado dela, enquanto o sangue fluía dele para as veias da sua esposa, aconteceu algo imprevisível.
O marido, traduzindo na voz uma verdadeira afeição, disse para a esposa:
- Querida, eu vou fazer você ficar boa.
- Por que? perguntou ela, sem nem mesmo abrir os olhos.
- Porque você representa muito para mim. Você é a minha vida!
Houve uma pausa.
O pulso dela bateu mais depressa.
Seus olhos se abriram e ela voltou lentamente a cabeça para ele.
- Você nunca me disse isso.
- Estou dizendo agora.
Mais tarde, com surpresa, o marido ouviu a opinião do médico sobre a causa principal da cura da sua esposa.
Não foi a transfusão em si mesma, mas o que acompanhou a doação do sangue que fez com que ela se restabelecesse.
As palavras de carinho fizeram a diferença entre a morte e a vida.

É importante saber dizer: amo você!
O gesto carinhoso, a palavra gentil autêntica, a demonstração afetiva num abraço, numa delicada carícia funcionam como estímulos para o estreitamento dos laços indestrutíveis do amor.
É urgente que, no relacionamento humano, se quebre a cortina do silêncio entre as criaturas e se fale a respeito dos sentimentos mútuos, sem vergonha e sem medo.
A pessoa cuja presença é uma declaração de amor consegue criar um ambiente especial para si e para os que privam da sua convivência.
Quem diz ao outro: eu amo você, expressa a sua própria capacidade de amar, mas também, afirmando que o outro é amado, se faz amar e cria amor ao seu redor.

Não basta amar o outro.
É preciso que ele saiba que é amado!

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Apenas um lembrete

Lembre-se que você é um espírito imortal vivendo breve experiência num corpo físico.
Lembre-se que o seu corpo é feito de matéria e, como tal, sofre o desgaste natural como tudo o que é matéria, mas esse desgaste não atinge o espírito imortal.
Assim, quando você perceber que a sua pele está enrugando, Lembre-se que esse é um fenômeno que não alcança o espírito.
Enquanto a sua pele enruga, seu espírito pode ficar ainda mais radiante e mais iluminado.
Você não pode deter os segundos nem evitar que se transformem em anos.
Não pode impedir que o seu cabelo caia ou se torne branco, mas isso não é motivo para levar a vitalidade da sua alma imortal.
Sua esperança jamais poderá estar atrelada a sua forma física, pois o ser pensante que você é, é o mais importante e sobreviverá por toda a eternidade.
Sua força e sua vitalidade independem da sua idade.
Seu espírito é o agente capaz de espanar a poeira do tempo.
Lembre-se que você não é um corpo que tem um espírito, é um espírito temporariamente vivendo num corpo físico.
Chegará um dia em que você se deparará com uma linha de chegada, e perceberá que logo à frente há outra linha de partida...
A vida é feita de idas e vindas... Partidas e chegadas.
Um dia você terá que abandonar esse corpo, mas Lembre-se que jamais abandonará a vida...
Lembre-se que cada dia é uma oportunidade de viver, e viver bem.
Se acontecer de cometer um engano, não detenha o passo, siga em frente que logo adiante encontrará outro desafio...
A vida é feita de desafios... Vencemos uns, somos vencidos por outros, mas não podemos deter o passo.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Qual o motivo de gritarmos?

Um dia, um pensador indiano fez a seguinte pergunta a seus discípulos:

Por que as pessoas gritam quando estão aborrecidas?

Gritamos porque perdemos a calma disse um deles.

Mas, por que gritar quando a outra pessoa está ao seu lado? Questionou
novamente o pensador.

Bem, gritamos porque desejamos que a outra pessoa nos ouça, retrucou outro
discípulo.

E o mestre volta a perguntar: Então não é possível falar-lhe em voz baixa?

Várias outras respostas surgiram, mas nenhuma convenceu o pensador.

Então ele esclareceu:

Vocês sabem porque se grita com uma pessoa quando se está aborrecido?

O fato é que, quando duas pessoas estão aborrecidas, seus corações se
afastam muito.

Para cobrir esta distância precisam gritar para poderem escutar-se
mutuamente.

Quanto mais aborrecidas estiverem, mais forte terão que gritar para ouvir um
ao outro, através da grande distância.

Por outro lado, o que sucede quando duas pessoas estão enamoradas?

Elas não gritam. Falam suavemente. E por quê?

Porque seus corações estão muito perto. A distância entre elas é pequena.

Às vezes estão tão próximos seus corações, que nem falam, somente sussurram.

E quando o amor é mais intenso, não necessitam sequer sussurrar, apenas se
olham, e basta. Seus corações se entendem.

É isso que acontece quando duas pessoas que se amam estão próximas.

Por fim, o pensador conclui, dizendo:

Quando vocês discutirem, não deixem que seus corações se afastem, não digam
palavras que os distanciem mais, pois chegará um dia em que a distância será tanta que não
mais encontrarão o caminho de volta.

Pense nisso!

Quando você for discutir com alguém, lembre-se que o coração não deve tomar
parte nisso.

Se a pessoa com quem discutimos não concorda com nossas idéias, não é motivo.
para gostar menos dela ou nos distanciar, ainda que por instantes.

Quando pretendemos encontrar soluções para as desavenças, falemos num tom de
voz que nos permita uma aproximação cada vez maior, como a dizer para a
outra pessoa: Eu não concordo com suas idéias ou opiniões, mas isso não me
faz gostar menos de você.

domingo, 19 de agosto de 2012

Influências da Família

João era um importante empresário. Morava em um apartamento de cobertura, na zona nobre da cidade.
Naquele dia, João deu um longo beijo em sua amada e fez em silêncio a sua oração matinal de agradecimento a Deus pela sua vida, seu trabalho e suas realizações.
Após tomar café com a esposa e os filhos, João levou-os ao colégio e se dirigiu a uma de suas empresas.
Chegando lá, cumprimentou com um sorriso os funcionários, inclusive Dona Tereza, a faxineira.
Tinha ele inúmeros contratos para assinar, decisões a tomar, reuniões com vários departamentos da empresa, contatos com fornecedores e clientes, mas a primeira coisa que disse para sua secretária foi: Calma, vamos fazer uma coisa de cada vez, sem stress.
Ao chegar a hora do almoço, ele foi para casa curtir a família. À tarde tomou conhecimento de que o faturamento do mês superou os objetivos e mandou anunciar a todos os funcionários que teriam gratificações salariais no mês seguinte.
Apesar da sua calma, ou provavelmente por causa dela, conseguiu resolver tudo que estava agendado para aquele dia.
Como já era sexta-feira, João foi ao supermercado, voltou para casa, saiu com a família para jantar e depois foi dar uma palestra para estudantes, sobre motivação para vencer na vida...
Enquanto isso, em bairro mais pobre de outra capital, vive Mário.
Como fazia em todas as sextas-feiras, Mário foi para o bar jogar sinuca e beber com amigos.
Já chegou lá nervoso, pois estava desempregado.
Um amigo seu tinha lhe oferecido uma vaga em sua oficina como auxiliar de mecânico, mas ele recusou, alegando não gostar do tipo de trabalho.
Mário não tinha filhos e estava também sem uma companheira, pois sua terceira mulher, partiu dias antes, dizendo que estava cansada de ser espancada e de viver com um inútil.
Ele estava morando de favor, num quarto imundo no porão de uma casa.
Naquele dia, Mário bebeu mais algumas, jogou, bebeu, jogou e bebeu até o dono do bar pedir para ele ir embora.
Ele pediu para pendurar a sua conta, mas seu crédito havia acabado, então armou uma tremenda confusão... e o dono do bar o colocou para fora.
Sentado na calçada, Mário chorava pensando no que havia se tornado sua vida, quando seu único amigo, o mecânico, apareceu.
Levou-o para casa e, curando um pouco o porre, ele perguntou a Mário:
- Diga-me por favor, o que fez com que você chegasse até o fundo do poço desta maneira?
Mário então desabafou:
- A minha família... Meu pai foi um péssimo exemplo, ele bebia, batia em minha mãe, não parava em emprego nenhum.
Tínhamos uma vida miserável.
Quando minha mãe morreu doente, por falta de condições, eu saí de casa, revoltado com a vida e com o mundo.
Tinha um irmão gêmeo, que também saiu de casa no mesmo dia, mas foi para um rumo diferente, nunca mais o vi.
Deve estar vivendo desta mesma forma.
Enquanto isso, na outra capital, João terminava sua palestra para estudantes.
Já estava se despedindo quando um aluno ergueu o braço e lhe fez a seguinte pergunta:
- Diga-me por favor, o que fez com que o senhor chegasse até onde está hoje, um grande empresário e um grande ser humano?
João emocionado, respondeu:
- A minha família. Meu pai foi um péssimo exemplo.
Ele bebia, batia em minha mãe, não parava em emprego nenhum.
Tínhamos uma vida miserável.
Quando minha mãe morreu, por falta de condições, eu saí de casa, convicto de que não era aquela vida que queria para mim e minha futura família.
Tinha um irmão gêmeo, que também saiu de casa no mesmo dia, mas foi para um rumo diferente, nunca mais o vi.
Deve estar vivendo desta mesma forma.
O que aconteceu com você até agora, não é o que vai definir o seu futuro, e sim a maneira como você vai reagir a tudo que aconteceu. Sua vida pode ser diferente, não se lamente pelo passado, construa você mesmo o seu futuro, mas sempre segurando na mão de DEUS. Tente encarar tudo como uma lição de vida, aprenda com seus erros e até mesmo com o erro dos outros.
O que aconteceu é o menos importante.
O que realmente importa é o que você vai fazer com o que acontecer.


sábado, 18 de agosto de 2012

Muito crédito para você!

Imagine que você tenha uma conta corrente e a cada manhã acorde com um saldo de R$ 86.400,00. Só que não é permitido transferir o saldo para o dia seguinte.

Todas as noites o seu saldo é zerado, mesmo que você não tenha conseguido gastá-lo durante o dia. O que você faz? Você iria gastar cada centavo é claro!

Todos nós somos clientes deste banco que estamos falando. Chama-se "TEMPO". Todas as manhãs são creditadas para cada um 86.400 segundos. Todas as noites o saldo é debitado como perda.

Não é permitido acumular este saldo para o dia seguinte. Todas as manhãs a sua conta é reinicializada, e todas as noites as sobras do dia se evaporam. Não há volta.

Você precisa gastar vivendo no presente o seu depósito diário. Invista então no que for melhor, na sua saúde, felicidade, sucesso!

O relógio esta correndo. Faça o melhor para o seu dia-a-dia.

Para você perceber o valor de "um ano", pergunte a um estudante que repetiu o ano.
Para você perceber o valor de "um mês", pergunte para uma mãe que teve seu bebê prematuramente.
Para você perceber o valor de "uma semana", pergunte a um editor de um jornal semanal.
Para você perceber o valor de "uma hora", pergunte aos amantes que estão esperando para se encontrar.
Para você perceber o valor de "um minuto", pergunte a uma pessoa que perdeu um trem.
Para você perceber o valor de "um segundo", pergunte a uma pessoa que conseguiu evitar um acidente.
Para você perceber o valor de "um milésimo de segundo", pergunte a alguém que venceu a medalha de prata em uma olimpíada.
Valorize cada momento que você tem! E valorize mais porque você deve dividir com alguém especial, especial o suficiente para gastar o seu tempo junto com você.

Lembre-se, o tempo não espera por ninguém!

Ontem é história. O amanhã é um mistério. Hoje é uma dádiva. Por isso é chamado de PRESENTE

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Trabalho importante

Os últimos passageiros a embarcar no avião que saía de Seattle para Dallas foram uma mulher e três filhos. "Tomara que não sentem ao meu lado", pensei. "Tenho um trabalho importante a fazer". Um minuto depois, um menino de onze anos e uma menina de nove passavam por cima de mim, enquanto a mãe e um menino de quatro anos sentavam no banco atrás do meu. Imediatamente as crianças maiores começaram a reclamar do pequeno, que dava chutes intermitentes no assento. A cada dois minutos, o menino perguntava à irmã "Onde é que nós estamos agora?" "Cale a boca!", ela respondia invariavelmente, e seguiam-se choramingos e reclamações.

"As crianças não têm noção do que é trabalho", pensei, num silencioso ressentimento com a situação. Então uma voz interior, alta e clara, disse simplesmente: Ame as crianças. "Não tenho tempo para perder com esses fedelhos, tenho um trabalho importante a fazer", retruquei. A voz respondeu apenas: Ame-os como se fossem seus filhos.

Ouvindo pela enésima vez "Onde-é-que-nós-estamos-agora?", deixei o trabalho de lado e peguei o mapa de vôos da companhia, encartado na revista de bordo.

Expliquei detalhadamente nossa rota, dividindo os trechos em quartos de hora, e fiz uma estimativa da hora de chegada em Dallas.

Logo eles estavam me contando sobre a viagem a Seattle, para visitar o pai que estava no hospital. De conversa em conversa, eles perguntavam sobre aviação, navegação, tecnologia e pontos de vista dos adultos sobre a vida. O tempo passou rapidamente e meu trabalho "importante" não foi feito.

Pouco antes da aterrissagem, perguntei o que o pai deles fazia em Seattle. Ficaram em silêncio. Depois de uma pausa, o menino disse apenas:

- Ele morreu.

- Oh, sinto muito.

- É, eu também. Mas estou mais preocupado com meu irmãozinho. Está muito difícil para ele.

De repente me dei conta do que era o trabalho mais importante a fazer: viver, amar e crescer, apesar da dor. Quando nos despedimos em Dallas, o menino apertou minha mão e agradeceu por ter sido seu "professor de bordo". E eu agradeci por ele ter sido o meu.

Dan S. Bagley
Do livro:Você não está só
Jack Canfield, Mark Victor Hansen e Barry Spilchuk - Editora Ediouro

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Agora gosto de mim

Tive uma grande sensação de alívio quando comecei a entender que um jovem precisa de mais do que apenas um assunto. Sei bem matemática, e a ensino bem.

Eu achava que isso era tudo o que precisava fazer. Agora, ensino crianças, e não matemática.

Aceito o fato de que posso ter sucesso apenas parcial com algumas.

Quando não tenho que saber todas as respostas, parece que consigo ter mais respostas do que quando tentava ser o especialista.

O jovem que realmente me fez entender isso foi Eddie. Certo dia, perguntei-lhe por que achava que estava muito melhor do que no ano anterior. Ele deu sentido a toda minha nova conduta.

"É porque agora gosto de mim quando estou com você", disse ele.

Um professor citado por
Everett Schostrom em Man, The Manipulator

Canja de Galinha para a Alma
Jack Canfield & Mark Victor Hansen
Ediouro

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Orgulho

Eu e minha família estávamos de férias em Sedona, Arizona, e resolvemos andar a cavalo. Telefonei para o local onde se alugavam os cavalos para fazer uma reserva e pedir informações sobre como chegar até lá. As informações que me deram foram vagas, mas achei que poderia encontrar o local. No caminho, minha mulher me perguntou se não poderíamos ligar para lá e pedir maiores detalhes. Pensei que se eu fizesse isso iria parecer incapaz e incompetente, por isso disse que não e segui em frente.

À medida que percorríamos quilômetros e mais quilômetros, minha esposa ficava cada vez mais agitada e chateada. Continuei a procurar um determinado sinal na estrada que havia anotado. Finalmente encontrei-o no lado esquerdo, e não no lado direito da estrada, conforme me tinham ensinado. Àquela altura, "concordei" em parar em uma pequena construção, e perguntei a um homem que estava trabalhando. Ele não entendeu uma palavra do que eu disse, pois falava espanhol e eu só falava inglês. Mas de alguma forma nós nos comunicamos ao proferirmos "cavalos, cavalos", e ele fez sinal para que eu seguisse em frente.

Nesse momento, minha esposa já estava furiosa.

- Por que você não perguntou aos donos do estábulo?

Eu estava começando a duvidar seriamente se encontraria o local e já estávamos atrasados. Peguei uma estradinha de terra que parecia promissora e... achei o lugar!

- Viu? – disse à minha esposa. – Você é que não teve fé em mim. Eu sabia o tempo todo que ia encontrar!

Portanto, eu estava certo, mas qual foi o preço que tive que pagar por estar certo?

A bela manhã com minha família tinha se transformado em um tenso pesadelo. Minha esposa estava zangada comigo e meus filhos choravam. A coisa mais fácil seria ter dito aos proprietários do lugar, quando fiz a reserva: "Por favor, será que podem me explicar melhor como chegar até aí?" Eu teria tido que admitir que precisava de mais ajuda do que já tinha tido, mas meu orgulho não deixou.

Mark Victor Hansen

Do livro: O Fator Aladim
Jack Canfield e Mark Victor Hansen
Ediouro

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Quem não precisa?

Um dia eu estava na frente de casa secando meu carro. Eu tinha acabado de lavar o carro e esperava minha esposa para sair para o trabalho. Vi, descendo a rua, um homem que a sociedade consideraria um mendigo. Pela aparência dele, não tinha carro, nem casa, nem roupa limpa e nem dinheiro. Tem vez que você se sente generoso mas há outras vezes que você não quer nem ser incomodado. Este era um dia do "não quero ser incomodado".
- Espero que não venha me pedir dinheiro. Pensei.
Não veio. Passou e sentou-se em frente, no meio-fio do ponto de ônibus e não parecia ter dinheiro nem mesmo para andar de ônibus. Após alguns minutos falou:
- É um carro muito bonito.
Sua voz era áspera mas tinha um ar de dignidade em torno dele. Eu agradeci e continuei secando o carro. Ele ficou lá. Quieto, sentado enquanto eu trabalhava. O previsto pedido por dinheiro nunca veio. Enquanto o silêncio entre nós aumentava, uma voz interior me dizia:
- Pergunte-lhe se precisa de alguma ajuda.
Eu tinha certeza que responderia sim mas, atendendo à insistente voz interior...
- Você precisa de ajuda? Perguntei.
Ele respondeu com três simples palavras acompanhadas de um sorriso que me deram uma sacudida.
- Quem não precisa?
Eu precisava de ajuda. Talvez não para a passagem do ônibus ou um lugar para dormir, mas eu precisava de ajuda. Peguei minha carteira e lhe dei dinheiro, não somente o bastante para a passagem do ônibus mas também para conseguir uma refeição e um abrigo. Aquelas três palavras ainda soam verdadeiras. Não importa o quanto você tem, não importa o quanto você realizou, você também precisa de ajuda. Não importa o quão pouco você tem, não importa o quão cheio de problemas você esteja, até mesmo sem dinheiro ou um lugar para dormir, você pode dar ajuda. Mesmo que seja apenas um elogio, você pode dar.
Você nunca sabe quando poderá ver alguém que parece ter tudo mas que, na verdade, está esperando de você algo que não tem.
Talvez o homem fosse apenas um desconhecido desabrigado que vagueia pelas ruas. Talvez fosse mais do que isso. Talvez ele tenha sido enviado por uma força maior e sábia para ensinar à uma alma acomodada em si mesma. Talvez Deus tenha olhado pra baixo, chamado um anjo, vestido-lhe como um mendigo e, a seguir, disse:
- Vá encontrar-se com aquele homem que limpa o carro, ele precisa de ajuda.
"Quem não precisa?"

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

O relógio

O colégio onde eu estudava, em menina, costumava encerrar o ano letivo com um espetáculo teatral. Eu adorava aquilo, porém nunca fora convidada para participar, o que me trazia uma secreta mágoa.
Quando fiz onze anos avisaram-me que, finalmente, ia ter um papel para representar. Fiquei felicíssima, mas esse estado de espírito durou pouco: escolheram uma colega minha para o desempenho principal. A mim coube uma ponta, de pouca importância.
Minha decepção foi imensa. Voltei para casa em pranto. Mamãe quis saber o que se passava e ouviu toda a minha história, entre lágrimas e soluços. Sem nada dizer ela foi buscar o bonito relógio de bolso de papai e colocou-o em minhas mãos, dizendo:
- Que é que você está vendo?
- Um relógio de ouro, com mostrador e ponteiros.
Em seguida, mamãe abriu a parte traseira do relógio e repetiu a pergunta:
- E agora, o que está vendo?
- Ora, mamãe, aí dentro parece haver centenas de rodinhas e parafusos.
Mamãe me surpreendia, pois aquilo nada tinha a ver com o motivo do meu aborrecimento. Entretanto, calmamente ela prosseguiu:
Este relógio, tão necessário ao seu pai e tão bonito, seria absolutamente inútil se nele faltasse qualquer parte, mesmo a mais insignificante das rodinhas ou o menor dos parafusos.
Nós nos entrefitamos e, no seu olhar calmo e amoroso, eu compreendi sem que ela precisasse dizer mais nada. Essa pequena lição tem me ajudado muito a ser mais feliz na vida. Aprendi, com a máquina daquele relógio, quão essenciais são mesmo os deveres mais ingratos e difíceis, que nos cabem a todos. Não importa que sejamos o mais ínfimo parafuso ou a mais ignorada rodinha, desde que o trabalho, em conjunto, seja para o bem de todos. E percebi, também, que se o esforço tiver êxito o que menos importa são os aplausos exteriores. O que vale mesmo é a paz de espírito do dever cumprido...

domingo, 12 de agosto de 2012

Mude a estratégia!

A história é muito antiga, mas não menos curiosa. Algumas tribos africanas utilizam um engenhoso método para capturar macacos. Como estes são muito espertos e vivem saltando nos galhos mais altos das árvores, os nativos desenvolveram o seguinte sistema:
Pegam uma cumbuca de boca estreita e colocam dentro dela uma banana.
2) Em seguida, amarram-na ao tronco de uma árvore freqüentada por macacos, afastam-se e esperam.
3) Após isso, um macaco curioso desce, olha dentro da cumbuca e vê a banana.
4) Enfia sua mão, apanha a fruta, mas como a boca do recipiente é muito estreita, ele não consegue retirar a banana.
Surge um dilema: se largar a banana, sua mão sai e ele pode ir embora livremente, caso contrário, continua preso na armadilha. Depois de um tempo, os nativos voltam e, tranqüilamente, capturam os macacos que teimosamente se recusam a largar as bananas. O final é meio trágico, pois os macacos são capturados para servirem de alimento.
Você deve estar achando inacreditável o grau de estupidez dos macacos, não é? Afinal, basta largar a banana e ficar livre do destino de ir para a panela. Fácil demais... O detalhe deve estar na importância exagerada que o macaco atribui à banana. Ela já está ali, na sua mão... parece ser uma insanidade largá-la.
Essa história é engraçada, porque muitas vezes fazemos exatamente como os macacos. Você nunca conheceu alguém que está totalmente insatisfeito com o emprego, mas insiste em permanecer mesmo sabendo que pode estar cultivando um enfarto? Ou alguém que trabalha e não está satisfeito com o que faz, e ainda assim faz apenas pelo dinheiro? Ou casais com relacionamentos completamente deteriorados que permanecem sofrendo, sem amor e compreensão?
Ou pessoas infelizes por causa de decisões antigas, que adiam um novo caminho que poderia trazer de volta a alegria de viver? A vida é preciosa demais para trocarmos por uma banana - que, apesar de estar na nossa mão, pode levar-nos direto à panela.
Por isso pessoal:
É hora de mudar e pensar de uma maneira diferente. Se você não está obtendo o que você quer, mude a estratégia...

sábado, 11 de agosto de 2012

O amar e o amor

O sábio escutou-o, olhou-o nos olhos e disse-lhe apenas uma palavra:
- Ame-a! E logo se calou.
- Mas, já não sinto nada por ela!
- Ame-a! disse novamente o sábio.
E diante do desconcerto do esposo, depois de um breve silêncio, disse-lhe o seguinte:
"Amar é uma decisão, não apenas um sentimento; amar é dedicação e entrega. Amar é um verbo e o fruto dessa ação é o amor. O amor é um substantivo, um exercício de jardinagem: arranque o que faz mal, prepare o terreno, semeie, seja paciente, regue e cuide. Esteja preparado porque haverá pragas, secas ou excessos de chuvas, mas, nem por isso, abandone o seu jardim. Ame seu par, ou seja, aceite-o, valorize-o, respeite-o, dê afeto e ternura, admire e compreenda-o. Isso é tudo. Ame, simplesmente ame!" A inteligência sem amor, te faz perverso.
A justiça sem amor faz você implacável.
A diplomacia sem amor faz você hipócrita.
O êxito sem amor faz você arrogante.
A riqueza sem amor faz você avaro.
A docilidade sem amor, faz você servil.
A pobreza sem amor faz você orgulhoso.
A beleza sem amor faz você fútil.
A autoridade sem amor faz você tirano.
O trabalho sem amor faz você escravo.
A simplicidade sem amor deprecia você.
A oração sem amor faz você introvertido e sem propósito.
A lei sem amor escraviza você.
A política sem amor deixa você egoísta.
A fé sem amor deixa você fanático.
A cruz sem amor se converte em tortura.
A vida sem amor não tem sentido.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

O Monge e o bandido

Um monge peregrino caminhava por uma estrada quando, do meio da relva alta, surgiu um homem jovem de grande estatura e com olhos muito tristes.
Assustado com aquele aparecimento inesperado, o monge parou e perguntou se poderia fazer algo por ele.
O homem abaixou os olhos e murmurou envergonhado: "sou um criminoso, um ladrão. Perdi o afeto de meus pais e dos meus amigos. Como quem afunda na lama, tenho praticado crime após crime. Tenho medo do futuro e não sinto sossego por nenhum instante. Vejo que o senhor é um monge, livre-me então desse sofrimento, dessa angústia!"- pediu ajoelhando-se.
O monge, que ouvira tudo em silêncio, fitou os olhos daquele homem e alguns instantes depois disse: "estou com muita sede. Há alguma fonte por aqui?"
Com expressão de surpresa pela repentina pergunta, o jovem respondeu: "sim, há um poço logo ali, porém nele não há roldana, nem balde. Tenho aqui, no entanto, uma corda que posso amarrar na sua cintura e descê-lo para dentro do poço. O senhor poderá tomar água até se saciar. Quando estiver satisfeito, avise-me que eu o puxarei para cima."
O monge sorrindo aceitou a idéia e logo em seguida encontrava-se dentro do poço.
Pouco depois, veio a voz do monge: "pode puxar!"
O homem deu um puxão na corda empregando grande força, mas nada do monge subir
Era estranho, pois parecia que a corda estava mais pesada agora do que no início
Depois de inúteis tentativas para fazer com que o monge subisse, o homem esticou o pescoço pela borda, observou a semi-escuridão do interior do poço para ver o que se passava lá no fundo.
Qual não foi sua surpresa ao ver o monge firmemente agarrado a uma grande pedra que havia na lateral.
Por um momento ficou mudo de espanto, para logo em seguida gritar zangado: "hei, que é isso? O que faz o senhor aí? Pare já com essa brincadeira boba! Está escurecendo, logo será noite. Vamos, largue essa rocha para que eu possa içá-lo."
De lá de dentro o monge pediu calma ao rapaz, explicando:
"Você é grande e forte, mas mesmo com toda essa força não consegue me puxar se eu ficar assim agarrado a esta pedra. É exatamente isso que está acontecendo com você. Você se considera um criminoso, um ladrão, uma pessoa que não merece o amor e o afeto de ninguém. Encontra-se firmemente agarrado a essas idéias. Desse jeito, mesmo que eu ou qualquer outra pessoa faça grande esforço para reerguê-lo, não vai adiantar nada."
"Tudo depende de você. Somente você pode resolver se vai continuar agarrado ou se vai se soltar. Se quer realmente mudar, é necessário que se desprenda dessas idéias negativas que o vêm mantendo no fundo do poço."
"Desprenda-se e liberte-se." 

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

A senhora é rica?




Era inverno e elas entraram às pressas pela porta dos fundos – duas crianças em casacos surrados e pequenos para o seu tamanho.
"A senhora tem aí uns jornais velhos?"
Eu estava ocupada. Queria dizer não, mas olhei para os seus pés e vi que usavam sandálias abertas, cheias de gelo.
"Entrem, que eu faço uma xícara de chocolate para vocês."
Suas sandálias encharcadas deixaram marcas na pedra da lareira, mas eu não consegui reclamar.
Servi o chocolate quente acompanhado de torradas com geléia e voltei para a cozinha, onde retornei meu trabalho.
Estranhando o silêncio na sala da frente, fui até lá ver o que estava acontecendo.
A menina segurava a xícara vazia e a olhava atentamente. O menino me perguntou numa voz sem emoção:
"Moça, a senhora é rica?"
"Rica? Eu? Misericórdia!" Olhei para meus estofados gastos.
A menina pôs a xícara sobre o pires, cuidadosamente.
"Suas xícaras combinam com os pires."
Sua voz era a de uma pessoa mais velha, com uma fome que não vinha do estômago.
Eles saíram, segurando os maços de jornal, lutando contra o vento. Nem agradeceram, mas não era necessário. Tinham feito muito mais do que isso. Xícaras e pires tão simples, de louça azul. Mas combinavam. Virei o assado e coloquei as batatas no molho. Batatas com molho ferrugem, um teto sobre a cabeça, meu marido com um emprego estável – essas coisas também combinavam.
Tirei as cadeiras de perto da lareira e limpei a sala. As pegadas cheias de lama ainda estavam por ali e eu as deixei ficar. Quero que permaneçam no mesmo lugar, caso eu me esqueça novamente de como sou rica.
Marion Doolan
Histórias para Aquecer o Coração II
Jack Canfield e Mark Victor Hansen
Editora Sextante

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Lição de bondade


Aquele moço seguia todos os dias pelo mesmo caminho. Em suas viagens diárias do subúrbio, onde morava, ao centro da cidade, onde trabalhava, o trem sempre passava por um viaduto de onde se podia ver o interior de alguns apartamentos no prédio localizado em nível inferior.

Naquele lugar o trem diminuía a velocidade e por isso o rapaz podia observar através da janela de um dos apartamentos, uma senhora idosa deitada sobre a cama. Ele via aquela cena há mais de um mês. A senhora certamente convalescia de alguma enfermidade, era o que ele pensava.

O jovem teve pena dela e desejou vê-la restabelecida.

Num domingo, achando-se casualmente naquelas imediações, cedeu a um impulso sentimental e foi até o prédio onde a senhora morava.

Perguntou ao porteiro o nome da anciã e depois lhe enviou um cartão com votos de restabelecimento, assinando apenas: "Um rapaz que passa diariamente de trem."

Dali a uma semana mais ou menos, a caminho de casa no trem, o jovem olhou como sempre, para a janela. No quarto não havia ninguém e a cama estava cuidadosamente arrumada.

No parapeito da janela, porém, estava afixado um pequeno cartaz escrito à mão e iluminado por uma lâmpada de cabeceira. Mostrava apenas uma frase singela de gratidão, dizendo: "Deus o abençoe"

Aquele jovem do trem não tinha outra intenção a não ser ajudar anonimamente a uma pessoa desconhecida, atendendo a um apelo do seu coração generoso. E é por essas e outras razões que vale a pena acreditar que ainda encontramos pessoas boas no mundo.

Um gesto de solidariedade não custa nada, não tem contraindicação e está ao alcance de todos.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Os anjos guardiões



O menino voltou-se para a mãe e perguntou:
- Os anjos existem mesmo? Eu nunca vi nenhum.
Como ela lhe afirmasse a existência deles, o pequeno disse que iria andar pelas estradas, até encontrar um anjo.
- É uma boa idéia, falou a mãe. Irei com você.
- Mas você anda muito devagar, argumentou o garoto. Você tem um pé aleijado.
A mãe insistiu que o acompanharia. Afinal, ela podia andar muito mais depressa do que ele pensava. Lá se foram. O menino saltitando e correndo e a mãe mancando, seguindo atrás. De repente, uma carruagem apareceu na estrada. Majestosa, puxada por lindos cavalos brancos. Dentro dela, uma dama linda, envolta em veludos e sedas, com plumas brancas nos cabelos escuros. As jóias eram tão brilhantes que pareciam pequenos sóis. Ele correu ao lado da carruagem e perguntou à senhora:
- Você é um anjo? Ela nem respondeu. Resmungou alguma coisa ao cocheiro que chicoteou os cavalos e a carruagem sumiu, na poeira da estrada. Os olhos e a boca do menino ficaram cheios de poeira. Ele esfregou os olhos e tossiu bastante. Então, chegou sua mãe que limpou toda a poeira, com seu avental de algodão azul.
- Ela não era um anjo, não é, mamãe?
- Com certeza, não. Mas um dia poderá se tornar um, respondeu a mãe.
Mais adiante uma jovem belíssima, em um vestido branco, encontrou o menino. Seus olhos eram estrelas azuis e ele lhe perguntou:
- Você é um anjo? Ela ergueu o pequeno em seus braços e falou feliz:
- Uma pessoa me disse ontem à noite que eu era um anjo!
Enquanto acariciava o menino e o beijava, ela viu seu namorado chegando. Mais do que depressa, colocou o garoto no chão. Tudo foi tão rápido que ele não conseguiu se firmar bem nos pés e caiu.
- Olhe como você sujou meu vestido branco, seu monstrinho! Disse ela, enquanto corria ao encontro do seu amado. O menino ficou no chão, chorando, até que chegou sua mãe e lhe enxugou as lágrimas com seu avental de algodão azul. Aquela moça, certamente, não era um anjo.
O garoto abraçou o pescoço da mãe e disse estar cansado.
- Você me carrega?
- É claro, disse a mãe. Foi para isso que eu vim.
Com o precioso fardo nos braços, a mãe foi mancando pelo caminho, cantando a música que ele mais gostava. Então o menino a abraçou com força e lhe perguntou:
- Mãe, você não é um anjo?
A mãe sorriu e falou mansinho:
- Imagine, nenhum anjo usaria um avental de algodão azul como o meu...
Anjos são todos os que na Terra se tornam guardiões dos seus amores. São mães, pais, filhos, irmãos que renunciam a si próprios, a suas vidas em benefício dos que amam. Às vezes, podem estar do nosso lado e não percebemos.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Era uma vez um menininho...


Era uma vez um menininho bastante pequeno que contrastava com a escola bastante grande.

Uma manhã, a professora disse:

- Hoje nós iremos fazer um desenho.

"Que bom!"- pensou o menininho.

Ele gostava de desenhar leões, tigres, galinhas, vacas, trens e barcos...

Pegou a sua caixa de lápis de cor e começou a desenhar.

A professora então disse:

- Esperem, ainda não é hora de começar !

Ela esperou até que todos estivessem prontos.

domingo, 5 de agosto de 2012

A Linha Mágica


"Era uma vez uma viúva que tinha um filho chamado Pedro. O menino era forte e são, mas não gostava de ir à escola e passava o tempo todo sonhando acordado.

- Pedro, com o que você está sonhando a uma hora destas? - perguntava-lhe a professora.

- Estava pensando no que serei quando crescer - respondia ele.

- Seja paciente. Há muito tempo para pensar nisso. Depois de crescido, nem tudo é divertimento, sabe? - dizia ela.

Mas Pedro tinha dificuldades para apreciar qualquer coisa que estivesse fazendo no momento, e ansiava sempre pela próxima. No inverno, ansiava pelo retorno do verão; e no verão, sonhava com passeios de esqui e trenó, e com as fogueiras acesas durante o inverno. Na escola, ansiava pelo fim do dia, quando poderia voltar para casa; e nas noites de domingo, suspirava dizendo: "Se as férias chegassem logo!" O que mais o entretinha era brincar com a amiga Lise. Era companheira tão boa quanto qualquer menino, e a ansiedade de Pedro não a afetava, ela não se ofendia. "Quando crescer, vou casar-me com ela", dizia Pedro consigo mesmo.

sábado, 4 de agosto de 2012

Zazá


Zazá era uma cadela especial. Muito brava, rosnava sempre que algum estranho se aproximava. Tinha um bonito porte, e segundo Dona Maria, sogra do Tonhão, era mestiça com pastor alemão. Só sei dizer que ela impunha respeito.

Seus donos moravam numa casa na periferia de Grenita, uma grande cidade do sul do país. A vida era bem tranqüila, mas nos últimos tempos, começaram a proliferar os assaltos na região. Mais parecia que os ladrões haviam migrado da capital, São Carlos de Boni, para lá.

A casa do Tonhão era totalmente murada, o que dava à sua família uma relativa segurança. Além disso, Zazá tinha sua missão de guardiã.

Numa fria madrugada de inverno, na calada da noite, Raposão, famoso assaltante da capital, aproximou-se daquela propriedade, e começou a sondar o local. Pela sua experiência, roubar aquela residência ia ser moleza, pois faltavam grades de segurança, alarmes e cacos de vidro no muro.

"Vai ser uma 'barbada'. Qualquer ladrãozinho 'pé-de-chinelo' faz o serviço.", pensou o larápio.

Estava tão fácil que Raposão foi até displicente. Com a agilidade de um felino pulou o muro, e mal havia aterrissado no quintal da casa, foi surpreendido com uma dolorosa mordida na perna direita. Raposão conseguiu, milagrosamente, desvencilhar-se dos dentes da Zazá, subindo apressadamente na goiabeira, ao lado do jardim.

A cadela, então, começou a latir, e seu latido podia ser ouvido a centenas de metros dali.

Dentro da casa, Tonhão roncava pesadamente, mergulhado em sono profundo. Mas o latido da cachorra, mais forte que o seu próprio ronco, começou a incomodá-lo, até que ele acordou, irritado. Ainda sonado, pensava, contrariado: " O que será que está havendo? Porque ela está fazendo essa barulheira?"

Completamente transtornado, irado mesmo, sentia o som emitido pela cadela latejando em sua cabeça.

O ladrão, por sua vez, assustado em cima da árvore, tentava inutilmente alcançar o muro, andando pelos galhos, e quanto mais ele se mexia mais a Zazá latia.

Tonhão, numa explosão de ódio, levantou-se, apanhou seu revólver em cima da cômoda, foi até o quintal e matou a cachorra.

Do livro: A Magia da Linha do Tempo - Cid Paroni Filho - Ed. Lúmen

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Mudança de Paradigma


Eu me recordo de uma mudança de paradigma que me aconteceu em uma manhã de domingo, no metrô de Nova York. As pessoas estavam calmamente sentadas, lendo jornais, divagando, descansando com os olhos semicerrados. Era uma cena calma, tranqüila.

Subitamente um homem entrou no vagão do metrô com os filhos. As crianças faziam algazarra e se comportavam mal, de modo que o clima mudou instantaneamente.

O homem sentou-se a meu lado e fechou os olhos, aparentemente ignorando a situação. As crianças corriam de um lado para o outro, atiravam coisas e chegavam até a puxar os jornais dos passageiros, incomodando a todos. Mesmo assim o homem a meu lado não fazia nada.

Ficou impossível evitar a irritação. Eu não conseguia acreditar que ele pudesse ser tão insensível a ponto de deixar que seus filhos incomodassem os outros daquele jeito sem tomar uma atitude. Dava para perceber facilmente que as demais pessoas estavam irritadas também. A certa altura, enquanto ainda conseguia manter a calma e o controle, virei para ele e disse:

– Senhor, seus filhos estão perturbando muitas pessoas. Será que não poderia dar um jeito neles?

O homem olhou para mim, como se estivesse tomando consciência da situação naquele exato momento, e disse calmamente:

– Sim, creio que o senhor tem razão. Acho que deveria fazer alguma coisa. Acabamos de sair do hospital, onde a mãe deles morreu há uma hora. Eu não sei o que pensar, e parece que eles também não conseguem lidar com isso.

Podem imaginar o que senti naquele momento? Meu paradigma mudou. De repente, eu vi as coisas de um modo diferente, e como eu estava vendo as coisas de outro modo, eu pensava, sentia e agia de um jeito diferente. Minha irritação desapareceu. Não precisava mais controlar minha atitude ou meu comportamento, meu coração ficou inundado com o sofrimento daquele homem. Os sentimentos de compaixão e solidariedade fluíram livremente.

– Sua esposa acabou de morrer? Sinto Muito. Gostaria de falar sobre isso? Posso ajudar em alguma coisa? – Tudo mudou naquele momento.

Muita gente passa por uma experiência fundamental similar de mudança no pensamento quando enfrenta uma crise séria, encarando suas prioridades sob nova luz. Isso também acontece quando as pessoas assumem repentinamente novos papéis, como marido, esposa, pai, avô, gerente ou líder.

Do livro: "Os sete hábitos das pessoas muito eficazes" de Steven R. Covey - Ed. Best Seller

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

As duas metades da vida


Um mulá, orgulhoso dono de um barco, levou o mestre-escola da vila para uma excursão no Mar Cáspio.

O mestre-escola descansava, olhando as nuvens, quando perguntou ao mulá: "Que tempo teremos hoje?".

O mulá verificou a direção do vento, olhou para o sol, franziu a testa e respondeu: "Se queres saber, acho que nós vai ter uma tempestade."

Escandalizado com tal resposta, o mestre-escola fez uma careta e reclamou: "Mulá, o senhor nunca aprendeu gramática? Não é "nós vai", é "nós vamos".

O mulá respondeu a essa repreensão com apenas um encolher de ombros. "Que me importa a gramática?", ele perguntou.

O mestre-escola ficou quase louco: "O senhor não sabe gramática! Isso significa que metade da sua vida está perdida".

Conforme o mulá havia predito, nuvens escuras surgiram no horizonte, uma ventania forte agitou as ondas, e o barco era chacoalhado como uma casca de noz. As ondas encheram o barco com montes de água. Aí, então, o mulá perguntou ao mestre-escola: "O senhor sabe nadar?."

O professor retrucou: "Não, porque deveria eu aprender a nadar?".

Dando um sorriso largo, o mulá respondeu: "Pois neste caso sua vida inteira está perdida, porque nosso barco já vai afundar."

Do livro: O Mercador e o Papagaio
Nossrat Peseschkian - Papirus Editora

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Duas opções


Desde pequena Svetlana só tinha conhecido uma paixão: dançar e sonhar em ser uma Gran Ballerina do Bolshoi Ballet. Seus pais haviam desistido de lhe exigir empenho em qualquer outra atividade. Os rapazes já haviam se resignado: o coração de Svetlana tinha lugar para somente uma paixão e tudo mais era sacrificado pelo dia em que se tornaria a Bailarina do Bolshoi. Haviam criado um apelido especial para ela : lankina que no antigo dialeto queria dizer "a que flutua". Era uma forma carinhosa de brincar com a bela e talentosa Svetlana pois a palavra também podia significar "a que divaga", ou "que sonha acordada".

Um dia, Svetlana teve sua grande chance. Conseguira uma audiência com Sergei Davidovitch, Ballet Master do Bolshoi, que estava selecionando aspirantes para a Companhia. Dançou como se fosse seu último dia na Terra. Colocou tudo que sentia e que aprendera em cada movimento, como se uma vida inteira pudesse ser contada em um único compasso. Ao final, aproximou-se do Ballet Master e lhe perguntou:

"Então, o Sr. acha que eu posso me tornar uma Gran Ballerina?"

Na longa viagem de volta a sua aldeia, Svetlana, em meio as lágrimas, imaginou que nunca mais aquele "Não" deixaria de reverberar em sua mente. Meses se passaram até que pudesse novamente calçar uma sapatilha . Ou fazer seu alongamento frente ao espelho.

Dez anos mais tarde Svetlana, já uma estimada professora de ballet, criou coragem de ir a performance anual do Bolshoi em sua região. Sentou-se bem a frente e notou que o Sr. Davidovitch ainda era o Ballet Master. Após o concerto, aproximou-se do cavalheiro e lhe contou o quanto ela queria ter sido bailarina do Bolshoi e quanto doera, anos atrás, ouvir-lhe dizer que não seria capaz.

"Mas minha filha, eu digo isso a todas as aspirantes" respondeu o Sr. Davidovitch.

"Como o Sr. poderia cometer uma injustiça dessas? Eu dediquei toda minha vida! Todos diziam que eu tinha o dom. Eu poderia ter sido uma Gran Ballerina se não fosse o descaso com que o Sr. me avaliou!"

Havia solidariedade e compreensão na voz do Master, mas não hesitou ao responder: "Perdoe-me, minha filha, mas você nunca poderia ter sido grande o suficiente, se você foi capaz de abandonar seu sonho pela opinião de outra pessoa."